segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Muito se fala na descoberta do DNA, concebida por Watson e Crick. Porém poucos abordam o trabalho em conjunto desses dois grandes nomes da ciência, como se conheceram, seus trabalhos juntos e suas descobertas. Segue logo mais uma sucinta biografia de cada um deles e o mais importante trabalho realizado em cumplicidade por ambos.

Francis Crick 
Francis Harry Compton Crick nasceu em 8 de junho de 1916, perto de Northampton – Inglaterra, filho de Harry e Anne Elizabeth Wilkins Crick. Seu pai possui uma fábrica de botas e de sapatos quando Francis nasceu e, não ficou muito bem depois de 1929 e mudou-se com a família para Londres, onde gerenciou lojas de sapatos durante sua depressão e encaminhou seus dois filhos para Mill Hill, uma escola pública britânica.
Ainda criança, Francis Crick ficou fascinado pela ciência, apesar de não ter achado em si mesmo nenhuma marca de genialidade, a não ser sua grande curiosidade sobre a Natureza e o Universo. O co-descobridor do DNA perdeu a fé religiosa por volta dos 12 anos de idade, e essa perda contribuiu na determinação da escolha de sua carreira.
Em 1934, Crick começou os estudos de física no University College, em Londres, e se formou em 1937, com honras secundárias. A essa altura, somente lhe haviam ensinado um pouco sobre mecânica quântica, um assunto que aprendeu mais tarde com maior profundidade, com seu próprio esforço. Permaneceu no University College para pós-graduação, que havia quase completado no início da Segunda Guerra Mundial, tendo ido então para o almirantado, onde ajudou a projetar minas magnéticas e acústicas, lá permanecendo por um período depois da guerra, tendo sido designado para o serviço de inteligência científica.
Certo de que queria fazer pesquisas fundamentais, Crick acabou por ter duas escolhas: ou a base da vida ou o cérebro, e acabou decidindo pela base física e química da vida.
Por volta de 1947, Crick começou a trabalhar no laboratório de Strangeways, em Cambridge; dois anos mais tarde transferiu-se para o laboratório Cavendish, onde, como membro de um grupo dirigido por Max Perutz, aplicava a técnica da cristalografia por raio-X na tentativa de descobrir a estrutura tridimensional das proteínas. Crick acabou usando a difração de raio-X das proteínas como tema de sua tese de Ph.D.

James Watson



Nascido em Chicago, em 6 de abril de 1928, James Dewey Watson cresceu em uma família pobre financeiramente, mas em um ambiente intelectualmente rico. Seu pai James Watson Sr., ganhava modestamente como coletor de dívidas, mas também era um devotado observador de pássaros, que instilou[1] em seu filho um interesse pela ornitologia.
Sua mãe, Jean Mitchell Watson, trabalhava na Universidade de Chicago. Muito ativa na política democrática, engajou Watson em debates sobre a influência relativa da hereditariedade e do ambiente. Dotado de uma excelente memória, Watson apareceu no Quis Kids, programa popular de rádio que apresentava jovens com talentos excepcionais.
Em 1943, Watson entrou para Universidade de Chicago como bolsista, recebendo seu Bacharelado em 1947 como especialista em zoologia. Enquanto sênior na Universidade havia se interessado pela genética. A educação adicional de Watson o colocou em contato com um grupo ideal de cientistas. O coordenador da tese de Watson foi o Biólogo Salvador Luria, um dos fundadores do grupo de cientistas que estavam estudando a genética dos organismos simples bacteriofágicos.
Ao concluir seu doutorado em Indiana, em 1950, viajou para Copenhague com uma bolsa do National Research Council, para pesquisa pós-doutorado.


[1] Dicionário Michaelis - v. Tr. dir. 1. Deitar ou introduzir gota a gota. 2. Induzir, insinuar, insuflar.

O encontro de Watson e Crick
Enquanto Crick descobria, entre um emaranhado de opções, sua vocação para a biologia, do outro lado do Atlântico, James Watson preparava-se para deixar os Estados Unidos e ir peregrinar por universidades e laboratórios na Europa.
Assim como Crick, ele também descobriu o universo da física quântica. Só que, além disso, Watson teve a oportunidade de estudar e ser orientado em seu doutorado pelo microbiologista italiano Salvador Luria, líder de um notável grupo de geneticistas que faziam importantes avanços na investigação da auto-replicação no nível viral. Em 1950, Watson ganhou uma bolsa da Fundação Merck para estudar o metabolismo bacteriano.
Quando Watson e Crick se encontraram, eles se entenderam imediatamente, afinal apesar das diferenças de personalidade e idade, ambos tinham em comum uma excessiva autoconfiança e o desejo de decifrarem os segredos do DNA. O grande problema é que mesmo a somatória dos conhecimentos dos dois ainda deixava em um ou noutro uma enorme lacuna em química, biologia e pouca experiência com difração de raios-X, técnica essencial àquela altura para estudar o DNA. Mas, a autoconfiança sem limites dos dois os fez seguir em frente, concretizando ótimos resultados.